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Maria da Penha ONLINE Governo do Distrito Federal
13/01/22 às 17h28 - Atualizado em 6/10/22 às 12h43

Novacap lança licitação do Teatro Nacional

Texto e edição: Sérgio Maggio. Fotos: Hugo Lira (Ascom/Secec)

14.01.22

12:00:00

 

Ouça o resumo da notícia:

 

Uma das mais representativas e importantes casas de espetáculos do país, o Teatro Nacional Claudio Santoro rompe, nesta sexta-feira (14.1), com oito anos de palco vazio e luzes apagadas. O secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues, assinou o projeto básico para obras de edificações que compõem o edital de licitação elaborado pela Novacap. Dessa forma, empresas aptas vão apresentar as propostas para concorrência com o teto orçamentário de R$ 55 milhões.

 

Foto de Hugo Lira

 

“É com muita alegria que anunciamos ao Brasil o começo das reformas do Teatro Nacional a partir da Sala Martins Pena. Trata-se de um dos maiores símbolos do patrimônio nacional, obra tombada de Oscar Niemeyer, de valor artístico e cultural inestimável. Por determinação do governador Ibaneis Rocha, vamos mostrar a diferença de um governo de ação”, comemora Bartolomeu Rodrigues.

 

Assim que avalizou a documentação do edital, Bartolomeu Rodrigues fez questão de ir à Sala Martins Pena, objeto de extensivo trabalho que ocupou toda a sua pauta de trabalho desde que assumiu a pasta da Cultura em dezembro de 2019.

 

“Ouvimos todo tempo que o Teatro estava largado. O Teatro Nacional esteve largado. Mas não por este governo. Todos os dias, esse bem patrimonial foi motivo de esforço e de preocupação de uma equipe multidisciplinar e comprometida.  Trabalhamos até chegarmos ao tempo em que não poderíamos esperar nem mais um minuto” observa.

 

Acompanhado da equipe técnica da Secec, Bartolomeu emocionou-se ao ter a reforma da Sala Martins Pena sair do campo do desejo para a concretude do canteiro de obras.

 

Foto de Hugo Lira“É um sonho que estava frustrado em gestões anteriores e, nesta, conseguimos realizar. É histórico anunciar que as obras vão começar, e esse teatro vai voltar a fazer girar a economia criativa. Cada espetáculo que chega nesse palco contrata equipes técnicas diversas, traz o pipoqueiro para porta e ainda enche as mesas dos restaurantes após o fechar das cortinas”, celebra o secretário-executivo, Carlos Alberto Jr., entusiasta da reforma.

 

O impacto da obra se reflete também na economia do Distrito Federal. Com a reforma da Sala Martins Pena, estima-se a geração de 700 empregos diretos e 2100 indiretos movimentando também a economia do DF.

 

A REFORMA

 

Por ser um bem tombado individualmente, o Teatro Nacional requer uma reforma sob rígidas normas de restauro. A obra é um convênio entre a Secretaria de Cultura e Criativa (Secec) e a Novacap, que vão atuar em conjunto com funções estabelecidas no Projeto Básico.

 

Essa é a primeira etapa da reforma do Teatro Nacional Claudio Santoro a partir do projeto executivo de arquitetura elaborado pela empresa Acunha Solé Engenharia. A proposta enviada pela empresa concorrente deve apontar soluções técnicas para reforma das instalações prediais, sobretudo, elétrica e climatização; recuperação estrutural, restauração de pisos, revestimentos, esquadrias e de imobiliários, incluindo revestimento acústico, além de atualização tecnológica e de segurança das estruturas e dos mecanismos cênicos.

 

“Vamos devolver para a sociedade uma Sala Martins Pena moderna e em conformidade com o restauro do bem tombado”, destaca o secretário.

 

O CAMINHO DA REFORMA

Em janeiro de 2014, no rastro da tragédia da Boate Kiss, o Teatro Nacional foi fechado por recomendação do Corpo de Bombeiros e do Ministério Público, por não atender a normas de acessibilidade e segurança vigentes. Foram identificados 132 não conformidades. No mesmo ano, a então Secretaria de Cultura realizou licitação e posterior contratação do projeto executivo de reforma.

 

A complexidade arquitetônica do projeto e sua ousadia quanto aos recursos tecnológicos pretendidos resultaram em um orçamento total de mais de R$ 200 milhões. Nos anos seguintes, a crise econômica do país e, em especial, a constatação de uma delicada situação financeira do Distrito Federal  tornaram inviável a realização da obra como um empreendimento único que demandaria a execução do valor integral previsto no projeto.

 

No governo Ibaneis Rocha, avaliou-se que a melhor alternativa seria a adequação do projeto executivo de forma a permitir a realização da obra em etapas, gradualmente, de acordo com a disponibilidade de recursos financeiros. Tal encaminhamento permitiria que, em uma primeira etapa, fosse reaberta a Sala Martins Pena, e em etapas posteriores as Salas Alberto Nepomuceno e Villa-Lobos e o Espaço Dercy Gonçalves.

 

No final de 2019, a Secec captou, junto ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD) do Ministério da Justiça e Segurança Pública, R$ 33 milhões, que seriam destinados à reforma da Sala Martins Pena. Foi assinado o convênio com a Novacap para elaboração do processo licitatório de obras.

 

Formou-se um Grupo de Trabalho, com um mutirão de técnicos e engenheiros e a presença dos gestores da Cultura e da Novacap. No entanto, a falta de documentos e as inconsistências técnicas no projeto originário desenharam um verdadeiro périplo para entregar o projeto básico para a Caixa liberar o recurso.

 

Foram mais de 400 plantas refeitas, e a equipe atendeu a mais de 2.000 pedidos de ajustes. Com o tempo exíguo e a urgência da reforma, o GDF resolveu desistir, em dezembro do ano passado, do Fundo por meio de distrato e resolver aportar diretamente o recurso para o restauro.

 

Confira nota da reforma

Nota/Reforma do Teatro Nacional

 

INAUGURADA POR CACILDA

Cacilda e Walmor em “Moeda Corrente”

Em abril de 1961, a companhia Teatro Cacilda Becker, dissidente do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), aterrissou na novíssima capital da República com a missão de inaugurar simbolicamente o Teatro Nacional, mais precisamente o espaço que, depois, viria ser a Sala Martins Pena (inaugurada oficialmente em 1966).  Traziam três peças no repertório.

 

Quando chegaram, um susto. O teatro não tinha nem as poltronas, estava com os tapumes em volta. Não havia vidros, nada. Cacilda perguntou como aquele espaço seria inaugurado. ”

 

“De repente, vieram 50 homens com vassouras, um formigueiro, que trabalhou dia e noite”, contou a maior atriz brasileira daquela época.

 

Em 21 de abril de 1961, primeiro aniversário da capital, Cacilda Becker e Walmor Chagas apresentaram “Em Moeda Corrente”, espetáculo de Abílio Pereira de Almeida sobre o tema corrupção, em meio a ruídos externos da construção do Teatro Nacional.

 

Estudantes e operários encheram o espaço para ver aquela que era a principal atriz dos palcos na época. A biógrafa da atriz, Maria Thereza Vargas, conta que Cacilda fez questão de convidar todos os operários da obra. Ela estava feliz neste dia,

 

“Havia infiltração de ruídos e a acústica estava péssima, mas Cacilda e o elenco seguraram. De repente, faltou energia e o público não saiu do lugar”, lembra-se Thereza.

 

Faltou luz no meio da peça e a narrativa seguiu à luz de velas. O público estava encantado com esse negócio de teatro. A luz não demorou a voltar e a peça foi retomada segundo as manifestações de exclamações e risos. Uma das cenas mais ovacionadas era a que a personagem de Cacilda se ajoelhava aos pés do marido (vivido por Walmor) e clamava para que ele aceitasse a propina.

 

“Nesta hora, a plateia ria e chorava ao mesmo tempo.  Era grotesco e lírico”, escreveu o crítico Décio de Almeida Prado.

 

Na cidade, com elenco formado ainda por Fredi Kleemann, Kleber Macedo e Alzira Cunha, Cacilda também apresentou “Pega-fogo”, um dos maiores sucessos da atriz, e “Protocolo”. Daqui, foram para turnê em Goiânia.

 

A voz de Cacilda foi a primeira a ecoar na Sala Martins Pena. Depois, a sala caminhou para abrigar espetáculos nacionais e estrangeiros, ganhando, com o tempo, a vocação de ser uma casa das artes gestadas no Distrito Federal. Enquanto a gigante Sala Villa-Lobos abrigava grande produções, a Martins Pena tornou-se um palco mais candango para música, dança, ópera e teatro. 
A SALA MARTINS PENA

Fundação Athos BulcãoInaugurada oficialmente em 1966, possui capacidade de 407 lugares, palco de 235 m², com 12 m de abertura e 15 de profundidade, 1 elevador e 15 camarins. No foyer, conta com painel de azulejos de Athos Bulcão e é bastante utilizada para exposições. Possui um busto de Ludwig Van Beethoven, doado pela Embaixada da Alemanha. Destina-se a saraus, performances, lançamentos de livros, coquetéis e exposições, com área de 412 m².

 

Um dos destaques da Sala Martins Pena é a obra “Painel Acústico”, de Athos Bulcão, localizada na parede direita (visão do palco). A obra é formada por 23 conjuntos de quatro peças de madeira envernizada, fixadas no topo da parede, dispostos em alturas variáveis. A obra tem uma variação contínua de altos e baixos relevos e é de 1978. O estudo de cores dos estofados, carpete e cortinas é assinado pelo artista.

 

Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec)

E-mail: comunicacao@cultura.df.gov.br