Anos 1990
Pesquisa: Alexandre Freire. Edição: Sérgio Maggio
1990
Na desastrosa Era Collor, Embrafilme e Concine desaparecem, e a produção brasileira entra em transe. Um ator, Chiquinho Brandão por Beijo 2348/72, e um filme, o documentário Conterrâneos Velho de Guerra, de Vladimir Carvalho (melhor curta e diretor da Mostra 16mm) levantam os ânimos.”
1991
Com histórica recusa dirigida à atriz Cláudia Raia, a musa dos anos Collor, estrela de Matou a Família e Foi ao Cinema, de Neville d´Almeida (melhor diretor), o público de Brasília ganha fama de mais engajado e participante do circuito festivaleiro. O Corpo, de José Antônio Garcia, é o grande vencedor
1992
A produção brasileira, que atingira 80 títulos nos anos de ouro, estava reduzida a cinco ou seis longas. O Festival caçava cineastas a laço. Entrou-se no tempo do vale tudo. A Maldição de Sanpaku (melhor filme), de José Joffily e Perfume de Gardênia, de Guilherme de Almeida Prado, são os concorrentes de peso. Simplesmente, dividiram todos os Candangos. As sessões tinham público recorde.
1993
O Festival de Brasília foi palco dos últimos instantes de Grande Otelo em solo brasileiro. Ao sair de Brasília, ele morre em Paris. Alma Corsária, de Carlos Reichenbach, aguardando até o último instante, levantou o nível do Festival, ganhando os principais Candangos (filme, diretor, roteiro e montagem) . As atrizes Norma Bengell, Maria Zilda Bethlen e Lucélia Santos dividiram o Candango de atrizes.
1994
Michelangelo Antonioni visitou Gramado e causou furor. Brasília não ficou no prejuízo. Recebeu Bernardo Bertolucci em sua edição de 1994. O diretor italiano homenageou Gianni Amico e recebeu um Candango especial. Louco por Cinema, de André Luiz Oliveira, foi exibido em sessão abarrotada e sagrou-se o vencedor.
1995
No ano do Centenário do Cinema, a palavra de ordem no Brasil é a retomada e O Judeu, de Tob Azulay, filme com quase uma década para chegar à finalização, registra os tempos da Inquisição. Desprezado pelo júri oficial, O Mandarim, de Júlio Bressane, ganha o Prêmio do Júri.
1996
O então secretário de Cultura e Esportes, o cineasta Silvio Tendler promete fazer a melhor edição de todos os tempos e monta um edição robusta com oficinas e mostras paralelas, como a de filmes recuperados da Cinemateca. Na Mostra Competitiva, filmes de primeira linha competem aos Candangos numa disputa acirrada entre Baile Perfumado, de Paulo Caldas e Lírio Ferreira (melhor filme), Um Céu de Estrelas, de Tata Amaral (melhor direção), e Como Nascem os Anjos, de Murilo Salles (Prêmio Especial do Júri).
1997
No ano do 30º aniversário do Festival, júri dividiu-se entre dois ganhadores: Miramar e Anahy de las Misiones. Mostra relembrou premiados históricos e homenageou Paulo Emílio com seus filmes prediletos. O Prêmio Unesco para diretor estreante foi dividido entre Sérgio Silva e Aurélio Michiles. O melhor curta foi o metalinguístico e divertido 5 Filmes Estrangeiros.
1998
Amor & Cia, de Helvécio Ratton, que ambientou o mundo de Eça de Queiroz nas Minas Gerais, foi o vencedor. Um curta hilariante e muito talentoso, Amassa que Elas Gostam, dialogou com a pornochanchada e levou o Candango. Brasília discutiu política cinematográfica em seu seminário de maior envergadura, preparando as bases do III Congresso Brasileiro de Cinema.
1999
Santo Forte triunfa e Brasília reconhece o cineasta [Eduardo Coutinho] que se reinventou no cinema documental. Júlio Bressane ganha mais um Candango de diretor por “São Jerônimo”. Público e júri se encantam com o trabalho de Fernanda Torres em “Gêmeas”, de Andrucha Waddington.